Plínio Palhano
Biografia
"A luz na pintura de Palhano é tão vital quanto a fotossíntese no crescimento das plantas, daí por que se distancia de qualquer concepção acadêmica de mera iluminação do cenário. Essa luz invisível preexiste na tela, é embutida no seu cerne, como uma candeia fechada."
Francisco Brennand
Plínio Palhano, nascido no Recife, Pernambuco, em 1954, pertence ao grupo de artistas da chamada Geração 70 do Estado de Pernambuco. É um figurativista, mas um figurativista que “atrai” e “abstrai” a figura, repassando-a nas formas “incendiadas” com que desenvolve sua obra.
Os trabalhos do artista estão presentes em várias coleções, a exemplo das que pertencem ao Museu do Estado de Pernambuco e ao Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, no Recife; e à seleta coleção de arte contemporânea da Fundação Mário Soares, em Portugal.
No início de sua carreira, freqüentou o Curso Livre de Artes, na Universidade Federal de Pernambuco, então dirigido por Queralt Prat e Lenira Regueira, época de grande convívio com outros nomes de sua geração artística, a exemplo de Antônio Carlos Montenegro, Flávio Gadelha, Gil Vicente e Ricardo Aprígio. Nessa fase, consolidou sua vocação, exercendo sua liberdade de não se apegar a “fórmulas” na utilização de materiais.
Após uma breve passagem pelo curso de Direito (no qual ingressou por influência do seu pai, Humberto Soares, professor e magistrado), abandona a faculdade para se dedicar inteiramente às artes plásticas.
Começa, então, a freqüentar o ateliê do artista plástico José Cláudio, consagrado nome da pintura pernambucana e brasileira. Será uma convivência fecunda e fraterna, da qual resultará um trabalho conjunto — uma safra de pinturas voltadas para a temática do nu, realizada com modelos vivos.
Ainda em fins dos anos 70, seu interesse por nus continua, expandindo-se numa série com mais de cem quadros. Naquela época, divide ateliê com a artista Piedade Moura, com quem realiza sessões com modelo e compartilha o interesse pela paisagem, sempre trabalhada ao natural, sobretudo com as sugestões dos canaviais da Zona da Mata de Pernambuco e dos verdes da histórica cidade de Olinda.
Será igualmente em Olinda, na velha Praça de São Pedro, que o artista, juntamente com colegas e companheiros como Alex Montelberto, Bete Gouveia, Eudes Mota, Fernando Guerra, Frederico Fonseca e Ricardo Aprígio, monta um ateliê coletivo, o Espaço 190. O mesmo grupo participou da consolidação da Associação dos Artistas Plásticos Profissionais de Pernambuco.
Mais do que a visão de um “expressionista” tardio — centrado no emocional do universo da linguagem pictórica, Plínio Palhano confere a seus quadros uma espécie de investigação do visível, da mesma forma que o filósofo Merleau-Ponty buscou uma “fenomenologia da percepção” que duvidasse de todo olho domesticado...