Raul Córdula
Mare Nostrum

Mare Nostrum, esta série de pinturas de Plínio Palhano referentes à abundância do mar, “útero do mundo”, como escreveu o poeta paraibano Vanildo Brito nas Odes ao Cabo Branco. Os peixes, tema visual destas pinturas claramente inspiradas no milagre, são o registro de sua pulsão de pintar, seu labor e seu êxtase marcado pela quantidade. Sem observar diretamente o que se passa dentro do mar, pinta os movimentos dos cardumes de uma forma que, mesmo tendo como modelo registros fotográficos, transmitem a elegância de seus gestos pictóricos, a mesma que estamos acostumados a ver em outros momentos de sua arte.

A pintura é o emblema das artes visuais. Com ela o homem se comunica desde sempre, e se comove contemplando o que faz, trabalhando e refletindo.

A religiosidade é recorrente na pintura de Plínio. Recentemente vimos no Museu do Estado uma exposição de grandes telas dedicadas a símbolos e mitos pintados de forma diferente, com stencils e carimbadas, mas que transportavam o mesmo ritmo da pincelada consciente, mas ao mesmo tempo carregada de uma liberdade inusitada que nos leva a pensar em ritos sem dogmas. Nelas estavam também referências à pré-história da arte, manifestações xamânicas que parecem estar estampadas em nosso inconsciente voltado ao culto, ao mistério e a magia, como era e é o cristianismo em seus mais profundos mistérios, como a memória ancestral do sangue e do corpo transformados em pão e vinho.



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